segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Mulher

Aos 14 anos, eu queria crescer.
Aos 15 anos, eu queria ter peito.
Aos 16 anos, eu queria emagrecer.
Aos 17 anos, eu queria ser independente.
Aos 18 anos, eu tinha medo do meu futuro.
Agora, aos meus 19 anos, eu descobri que sempre precisei me amar mais.
Existem detalhes que fazem diferença quando se é jovem. Aquela gordurinha pra fora da calça, aquela espinha que veio de súbito, aquele cabelo que não se ajeita, aquele ar de moleca que os outros dizem que você possui, e que por sua vez, você mesma não suporta. A única coisa que desejamos quando jovens é crescer. Crescer rápido, de preferência! Incorpar, botar bunda, crescer o peito, chupar a barriga, amaciar o cabelo... Tanta coisa, pra NADA. Substancialmente, a mulher é um bicho fútil. Gosta de ficar bonita para si e muito mais para os outros, agradar como pode o sexo oposto e o semelhante, mas poucas mulheres percebem que, por trás de tanta 'casca', o que realmente as diferencia é a autenticidade. O jeito como fala, como olha, como ri, como senta, como anda, como toca diferem todas as mulheres, por mais que seus peitos tenham a mesma medida, independente de ter sido feitos no mesmo cirurgião ou serem naturais. Aos meus 19 anos eu realmente percebi que o que mais amo em mim é justamente aquilo que ninguém vê: minha liberdade.
A liberdade de andar de calcinha pela casa, de falar palavrão ao meu bel prazer, de flertar na rua quando me dá vontade, de rir incontrolavelmente sem motivo, de ir de chinelo pra faculdade, de usar camiseta larga sem se preocupar com a opinião alheia, de pintar a minha vida com as cores que eu quero, que eu gosto e a hora que eu tiver vontade.Me amar mais, como disse que precisava acima, não se refere só ao meu corpo. Se refere muito ao meu jeito, à minha escolha de 'mulher' que eu quero ser. Me desculpem, mas a bunda e o peito caem um dia, o cabelo fica branco, a barriga cresce e o que vai sobrar de nós, mulheres, quando envelhecer-mos é a memória e a certeza de que fomos grandes, enormes libertárias e apaixonantes, e pra isso não é preciso ser gostosa. Hoje, o que eu quero realmente é ser feliz, rir à toa e viver plenamente, pra que mais tarde eu possa me orgulhar da mulher que fui.
Me orgulhar do tipo de mulher que nos tornamos: LIVRES.